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10 atitudes dos pais que prejudicam a vida escolar dos filhos

2nd fevereiro 2015   ·   0 Comments

Giovanna Tavares

Comprar presentes e cobrar notas altas podem ter um efeito negativo e transformar a escola em um ambiente angustiante

Para as crianças, a volta às aulas é marcada por uma inquietação natural. É um momento de transição, com novas experiências e realizações, ao mesmo tempo em que a “vida boa” das férias fica para trás. Algumas não veem a hora de reencontrar os amigos e professores. Para outras, porém, a mudança não é tão simples e festiva assim. Nesses casos, birra e crises de choro são comuns, estimuladas pela própria ansiedade e tensão dos adultos.

Tudo vai depender da maneira como a família lida com essa mudança na rotina, garantem os especialistas. O clima tenso pode passar a impressão de que ir para a escola é vivência dolorosa e desagradável, longe dos cuidadores. Por isso, é normal que as crianças se sintam desestimuladas e inseguras para voltar à rotina. Se essa passagem é tratada de forma mais natural e positiva, por outro lado, a experiência escolar é vista como algo divertido.

“O que os pais devem fazer é tentar ficar na escola com as crianças, nos primeiros dias de aula, por pelo menos alguns minutos. Não só deixá-las na porta e ir embora. Quando a criança se sente segura e reconhece o momento do desligamento familiar, ela fica mais confortável na escola. Esse acolhimento dá a segurança de que tudo está caminhando no tempo correto”, explica Ana Maria Damiani, psicopedagoga e coordenadora da Escola de Educação da Anhembi Morumbi.

Uma postura muito comum e que estimula a insegurança nos pequenos é o distanciamento dos pais. O desinteresse pela escola e pelo cotidiano escolar faz com que eles se sintam à deriva, sozinhos em uma experiência que depende do apoio e suporte dos adultos. A escola é a extensão do ambiente familiar, por isso a participação ativa no dia a dia dos filhos faz toda a diferença no ano escolar como um todo, não só na volta às aulas.

“A primeira coisa que você precisa saber é o nome da professora do seu filho, mesmo que seja no jardim de infância. É preciso perguntar sobre os amiguinhos, as atividades recreativas e o que a criança está aprendendo. Em longo prazo, esses pequenos cuidados tornam a vida escolar da criança mais produtiva e feliz”, reforça Ana Clarisse Barbosa, pedagoga e coordenadora do Núcleo de Pedagogia da Uniasselvi.

Essa postura atenciosa deve existir logo no começo da vida escolar da criança, ainda no jardim de infância. Nessa fase, há a predominância de atividades lúdicas, como brincadeiras sobre formas geométricas e cores, mas que nem por isso devem ser menosprezadas. Incentivá-la nesse período faz com que os desafios das próximas etapas sejam assimilados com mais facilidade.

“Os pais precisam motivar os seus filhos desde cedo, sim, mas com moderação e responsabilidade. Cada criança é única e tem uma capacidade específica para suportar as pressões do dia a dia escolar. A aprendizagem não é uma mera acumulação ou repetição de conhecimento. É um processo de construção. A criança aprende antes mesmo de ir para a escola”, pontua Ana Clarisse.

Exigências

É quase impossível encontrar uma criança que goste de ser cobrada e pressionada pelos próprios pais, principalmente quando o motivo da preocupação dos adultos não é compreendido facilmente. Se esse peso é transferido à vida escolar, os prejuízos podem ser ainda maiores. A criança tenta atender às expectativas dos pais no ambiente escolar e pode se frustrar, perdendo o prazer e o interesse em estudar.

Por isso, vale evitar qualquer tipo de comentário que estimule a competição na escola ou reforce a importância de notas altas em detrimento de outras conquistas, tanto no começo do ano como ao longo dele. O bom desempenho escolar pode ser observado em outros aspectos, e atentar a isso tem um efeito mais positivo nos pequenos.

“Na educação infantil o que realmente importa é o lúdico, competências e habilidades relacionadas à criatividade. Não é adequado exigir o oposto da criança, porque torna a experiência acadêmica mais angustiante. Muitas vezes, uma nota não satisfatória dos filhos coloca todo um peso negativo nesse processo de alfabetização. Eles não podem esperar apenas notas dez”, pondera Ana Maria Damiani.

Primeiras semanas

Pedro, de quatro anos, sempre pergunta à mãe Monica Rentroia quando a vida escolar terá um fim. “Quando ele me fala que a escola é chata e essas coisas, explico que é lá que ele vai aprender a ler e escrever o nome dele. Essas são coisas que ele sente muita vontade de fazer, por exemplo. Ele prefere as atividades de recreação da escola, claro, mas eu explico que ele precisa saber tudo isso para crescer e ser adulto. Ele entende e fica com vontade de aprender”, conta Monica.

As primeiras semanas de aula são um pouco mais complicadas para Pedro, explica a mãe. Durante as férias, eles passeiam juntos com frequência, algo que dificulta a separação com o retorno das aulas. Mesmo assim, Monica lembra ao filho que a escola possibilita o reencontro com amiguinhos e professores, aliviando a saudade e ansiedade do ano escolar. Tudo com muita naturalidade e clareza, sempre, de modo que a ideia de voltar para a escola seja algo normal.

Segundo Ana Maria Damiani, outra postura problemática é a da barganha. Alguns pais tentam recompensar a tristeza da criança com presentes e passeios, comprometendo o verdadeiro aprendizado. Assim, os pequenos não aprendem que a escola, bem como o ato de estudar, são fases importantes da vida que não podem ser motivo de negociação.

>> Veja ;10 atitudes dos pais que prejudicam a vida escolar dos filhos:

Querer a melhor escola, a todo custo: o melhor lugar para as crianças nem sempre é aquele com um método de ensino rigoroso e focado no vestibular. A melhor escola é aquela em que a criança se sente feliz e respeitada

Querer a melhor escola, a todo custo: o melhor lugar para as crianças nem sempre é aquele com um método de ensino rigoroso e focado no vestibular. A melhor escola é aquela em que a criança se sente feliz e respeitada

Foto: Getty Images

Falta de rotina: dizer à criança que ela tem o dia inteiro para fazer a tarefa de casa é um erro comum. Ela deve ter uma rotina estabelecida, para que o ato de estudar (e de descansar, também) seja respeitado e estimulado

Falta de rotina: dizer à criança que ela tem o dia inteiro para fazer a tarefa de casa é um erro comum. Ela deve ter uma rotina estabelecida, para que o ato de estudar (e de descansar, também) seja respeitado e estimulado

Foto: Getty Images

Desrespeitar o descanso: as férias devem ser plenamente curtidas, e ponto final. Por isso, os filhos precisam de liberdade para fugir de algumas regras, para voltar à escola sem sentir nenhum tipo de frustração

Desrespeitar o descanso: as férias devem ser plenamente curtidas, e ponto final. Por isso, os filhos precisam de liberdade para fugir de algumas regras, para voltar à escola sem sentir nenhum tipo de frustração

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Deixar de lado: os pais precisam, sim, separar um tempo na agenda para acompanhar de perto as atividades escolares dos filhos. Vale ajudar com alguma tarefa e incentivá-los a descobrir e aprender coisas novas

Deixar de lado: os pais precisam, sim, separar um tempo na agenda para acompanhar de perto as atividades escolares dos filhos. Vale ajudar com alguma tarefa e incentivá-los a descobrir e aprender coisas novas

Foto: Getty Images

Não conversar: os pequenos precisam se sentir seguros e acolhidos. Por isso, não explicar as mudanças que acompanham o retorno às aulas é deixá-los à deriva. Vale ressaltar o lado positivo dessa transição e estimular a curiosidade da criança

Não conversar: os pequenos precisam se sentir seguros e acolhidos. Por isso, não explicar as mudanças que acompanham o retorno às aulas é deixá-los à deriva. Vale ressaltar o lado positivo dessa transição e estimular a curiosidade da criança

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Dar presentes: a barganha nunca funciona bem com as crianças. Dessa maneira, elas não aprendem que a escola é uma etapa necessária e importante da vida, outra atitude que pode dificultar o interesse pela escola

Dar presentes: a barganha nunca funciona bem com as crianças. Dessa maneira, elas não aprendem que a escola é uma etapa necessária e importante da vida, outra atitude que pode dificultar o interesse pela escola

Foto: Getty Images

Deixá-la sozinha: se for a primeira escola ou um novo ambiente, apenas levar a criança à escola também não é uma boa ideia. A dica é acompanhá-la na primeira semana, ficando um tempo dentro da sala e conversando com os professores

Deixá-la sozinha: se for a primeira escola ou um novo ambiente, apenas levar a criança à escola também não é uma boa ideia. A dica é acompanhá-la na primeira semana, ficando um tempo dentro da sala e conversando com os professores

Foto: Getty Images

Cobrança: nenhuma criança gosta de ser pressionada pelos pais. A escola deve ser o espaço onde ela se sente bem e feliz, não onde é obrigada a ser melhor do que os outros alunos, tirando as melhores notas sempre

Cobrança: nenhuma criança gosta de ser pressionada pelos pais. A escola deve ser o espaço onde ela se sente bem e feliz, não onde é obrigada a ser melhor do que os outros alunos, tirando as melhores notas sempre

Foto: Getty Images

Dizer que em breve as aulas terminam: esse comentário desestimula a criança a aproveitar tudo o que a escola oferece, tanto em aprendizado como em atividades recreativas. Ela deve se sentir feliz por ter a oportunidade de estudar

Dizer que em breve as aulas terminam: esse comentário desestimula a criança a aproveitar tudo o que a escola oferece, tanto em aprendizado como em atividades recreativas. Ela deve se sentir feliz por ter a oportunidade de estudar

Foto: Getty Images

Ansiedade: conversar não significa ficar relembrando, a cada minuto, todas as mudanças que os filhos precisarão enfrentar. Esse atitude aumenta a tensão e a ansiedade das crianças, transformando o retorno escolar em algo desagradável

Ansiedade: conversar não significa ficar relembrando, a cada minuto, todas as mudanças que os filhos precisarão enfrentar. Esse atitude aumenta a tensão e a ansiedade das crianças, transformando o retorno escolar em algo desagradável

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