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Festival Tomorrowland prova que a música eletrônica virou mega também no Brasil

21st abril 2016   ·   0 Comments

Segunda edição do evento acontece em Itu durante o feriadão; mercado da dance music já chega a R$ 18,5 bilhões

Começa nesta quinta-feira (21), em Itu (SP), a segunda edição do Tomorrowland Brasil, o maior festival de música eletrônica do País. Com todos os ingressos para a edição deste ano esgotados há meses, o evento importado da Bélgica é a prova de que a música eletrônica virou um negócio mega também por aqui.

Tomorrowland Brasil começa nesta quinta-feira (21)

Tomorrowland Brasil começa nesta quinta-feira (21)

Foto: Divulgação/Tomorrowland Brasil

Se até bem pouco tempo atrás a eletrônica era uma música relacionada a clubes fechados, a raves com estrutura precária e a batidas sintéticas que só poderiam ser apreciadas sob o consumo de aditivos, hoje o gênero ultrapassa qualquer fronteira estilística – virou a música pop da hora, uma indústria que movimenta US$ 6,2 bilhões por ano (R$ 22 bilhões) – para comparação, o mercado fonográfico mundial é estimado em R$ 53 bilhões. Só em 2015, Calvin Harris faturou US$ 233 milhões e se tornou o DJ mais bem pago do mundo.

A dance music não nasceu ontem. Tornou-se um fenômeno jovem e cultural relevante quando aquela música nova (acid house) uniu-se com o espaço (raves, em locais ao ar livre) e com a droga (ecstasy). Era final dos anos 80/começo dos 90, Europa, principalmente Reino Unido, Holanda, Espanha (Ibiza) e Alemanha.

No Brasil, a semente foi plantada em uma festa na faculdade de química da USP em 1995 (sem contar um evento corporativo, bancado pela marca de cigarros L&M, em um casarão em São Paulo em 1993). Depois apareceram núcleos como XXXPerience, Tribe, Circuito, SP Groove, Universo Paralelo, entre outros, e festivais como Skol Beats.

Mas até então a música eletrônica era algo disforme, subdividida em nichos: techno, house, drum and bass, trance, progressive house, minimal techno, deep house, etc. – nomenclaturas pouco convidativas para quem está de fora e que sinalizavam o caráter exclusivista de cada uma dessas cenas.

Ironicamente, o que fez a música eletrônica se abrir a todos foi a adoção de uma nova sigla – EDM (electronic dance music). Popularizada nos EUA há cerca de 10 anos, essa sigla fez com que todos os produtores e DJs (de Skrillex a Tiesto, de Deadmau5 a Armin van Buuren, de Kaskade a Calvin Harris) se abrigassem sob o mesmo teto. E quando tudo virou EDM, tudo ficou mais simples: a promoção dos DJs, a divulgação dos eventos, a aceitação pela mídia.

E então tomaram corpo nos EUA grandes festivais, como Electric Zoo, Ultra e Electric Daisy Carnival (este último reuniu 400 mil pessoas em Las Vegas em 2014), e a dance music invadiu eventos de DNA rock e pop, como Coachella e Lollapalooza.

Ao iG, o jornalista Michaelangelo Matos, autor de “The Underground Is Massive: How Electronic Dance Music Conquered America”, afirma que a EDM é “a música que toca nos grandes festivais, e não toda a dance music e é, na essência, uma versão pop do que tocava na cena underground dos anos 1990, com menos ousadia e baseada no espetáculo”.

A dupla sueca Axwell %26 Ingrosso é uma das atrações do festival

A dupla sueca Axwell %26 Ingrosso é uma das atrações do festival

Foto: Reprodução

E aqui entram nomes como Daft Punk, cujas apresentações ao vivo são uma combinação perfeita entre a dinâmica sonora e o espetáculo visual. Em 2006, a dupla francesa foi escalada para o festival Coachella – e roubou o evento. Depois, o Daft Punk foi chamado para trabalhar com Kanye West, e a eletrônica, então, viraria motor criativo para artistas do pop e do hip hop.

O festival Tomorrowland é o evento multinacional (Bélgica, Brasil e EUA) que melhor se aproveita da música eletrônica como um espetáculo sonoso-visual-sensorial-estético. O cenário do evento lembra coisas como “Harry Potter”, misticismo, fábulas, o que motiva muita gente a ir fantasiada.

Os DJs, claro, são parte importante nessa equação. E, das 150 atrações escaladas para o Tomorrowland Brasil, grande parte se encaixa no esquema EDM de apresentação ao vivo: muita interação com o público (vários tocam com os braços erguidos para cima, alguns sobem em cima das mesas) e músicas que seguem o mesmo padrão rítimico (uma sucessão de momentos de euforia intercalados com partes de intensidade bem baixa e vocais melódicos). Neste ano, as atrações principais são David Guetta, Armin van Buuren e Dimitri Vegas & Like Mike.

Se isso é bom ou ruim, vai do gosto do freguês. Mas o que não dá para ignorar que a música eletrônica, ou EDM, está tomando conta do mundo.

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