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‘Jason Bourne’ tem grande personagem feminina e conspiração com gigante da web

28th julho 2016   ·   0 Comments

Retorno de Matt Damon à franquia é empolgante e confirma série como a mais influente e categórica do gênero da espionagem no cinema

Existia um grande clamor pelo retorno de Matt Damon à franquia Bourne. Existia, também, certa expectativa pelo regresso de Paul Greengrass à direção, já que, à frente da série, o cineasta estabeleceu grande influência no cinema de ação contemporâneo. O maior atrativo de “Jason Bourne”, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (28), é justamente o retorno desses bons companheiros.

Matt Damon e Paul Greengrass retornam à série após um hiato de nove anos

Matt Damon e Paul Greengrass retornam à série após um hiato de nove anos

Foto: Divulgação

A produção opera com beats conhecidos do público, mas aposta em uma roupagem nova. A guerra cibernética travada entre governos de países desenvolvidos, como os EUA, e grandes conglomerados do setor de tecnologia, como o Facebook, a respeito de criptografia e os limites da vigilância na internet ganha protagonismo. A série, a bem da verdade, sempre resvalou nas possibilidades da espionagem na era digital, mas “Jason Bourne” se apropria do tema como se dele dependesse para sobreviver.

Paul Greengrass, que assina o roteiro de um filme da série pela primeira vez, em parceria com Christopher Rouse, tem como principal norte agradar aos fãs da série. Dessa maneira, a estrutura narrativa consagrada nos outros filmes é respeitada aqui. Bourne depois que Nick Parsons (Julia Stiles) o aciona com mais segredos de seu passado, dessa vez relacionados ao seu pai e ao programa que lhe deu nova identidade (Treadstone), reaparece no radar da CIA.

Tommy Lee Jones em cena de

O diretor da agência, Robert Dewey (Tommy Lee Jones) assume o papel do vilão engravatado da vez que já fora defendido por Chris Cooper, Brian Cox, Joan Allen e Edward Norton – no filme estrelado por Jeremy Renner. Jones, inegavelmente, se diverte vivendo um vilão que se julga herói. Dewey é um franco defensor de burlar a privacidade alheia em nome da segurança nacional. Justamente por isso, mantém relações escusas com o gênio da tecnologia e criador de uma rede social de sucesso, que secretamente espiona dados de seus usuários para o governo. O papel é defendido pela estrela em ascensão Riz Ahmed, que em breve poderá ser visto em “Rogue One: Uma História Star Wars”.

Dewey detesta pontas soltas e quer eliminar Bourne de uma vez por todas. Para isso, recorre ao matador profissional vivido por Vincent Cassel, que também tem contas a acertar com Bourne. Ele não contava, porém, com o ímpeto da nova diretora de crimes cibernéticos da CIA, Heather Lee (Alicia Vikander), que não só localiza Bourne, como tenta tomar à frente das missões envolvendo o ex-agente, novamente alvo da agência.

Lee, interpretada com a excelência esperada pela atriz sueca, vencedora do Oscar deste ano por “A Garota Dinamarquesa”, é a grande personagem do filme. O fluxo de suas movimentações, sua capacidade de improviso e sua percepção afiada do estado das coisas dão dinamismo ao filme.

Damon não se esforça para reencontrar o personagem, que surge aqui ainda mais frio e silencioso do que visto em “O Ultimato Bourne” (2007). Não é capaz de evitar, porém, que Lee desperte mais atenção do público.

Alicia Vikander rouba a cena no filme

Antenada à necessidade de ter boas personagens femininas, a produção não se prejudica de maneira alguma de ter uma mulher dominando o filme e o roubando de seu protagonista. Neste sentido, se referenda no sucesso e cult instantâneo “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015), que tinha na Furiosa de Charlize Theron seu principal trunfo.

A vingança é sempre um bom tema para retomar uma franquia após um longo hiato. E Bourne aqui, apesar da frieza que externa em ação, está mais raivoso do que nunca. A Universal quer que Damon e Greengrass retornem para outro filme, mas se isso não acontecer, esse aqui poderia muito bem ser o acerto de contas definitivo do espião mais amargurado – e por que não eficiente – do cinema com seu passado.

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