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Paul Thomas Anderson volta ao Oscar em grande estilo com ‘Trama Fantasma’

1st março 2018   ·   0 Comments

Dez anos após receber três indicações pela obra-prima “Sangue Negro”, Paul Thomas Anderson volta a ser destacado nas categorias de direção e filme

Foi um tanto surpreendente quando o nome de Paul Thomas Anderson foi anunciado entre os indicados a melhor diretor. Nem ele nem seu “Trama Fantasma”, que recebeu seis indicações, estavam cotados ao Oscar. Anderson, senhor de um cinema reflexivo, hermético e profundamente reverberante, não faz exatamente o tipo da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Ainda assim, ele ostenta pessoalmente oito indicações ao prêmio.

Paul Thomas Anderson orienta Daniel Day Lewis no sete de

Paul Thomas Anderson orienta Daniel Day Lewis no sete de “Trama Fantasma”

Foto: Divulgação

Ele foi ao Oscar pela maioria de seus filmes. Como roteirista por “Vício Inerente” (2015), “Boogie Nights – Prazer Sem Limites” (1997), “Magnólia” (1999) e “Sangue Negro” (2007). Por este último conseguiu a façanha de uma tripla indicação. Além de roteiro, foi nomeado em direção e produção. Por “Trama Fantasma”, Paul Thomas Anderson concorre ao Oscar como produtor e diretor, configurando assim a sétima e oitava nomeação. Por mais cabalístico que possa parecer, sua filmografia ostenta oito longas-metragens. Todos de altíssimo nível.

Como pode um cineasta com oito indicações ao Oscar não fazer o tipo da Academia? Justamente porque Anderson é sombrio, rebuscado e pensativo demais para os padrões da premiação. O americano é um gosto adquirido e que a presença tão intensa e inesperada de “Trama Fantasma” no Oscar 2018 sugere que a Academia passa a interiorizar.

Colaborações criativas

Paul Thomas Anderson no set de

A última indicação ao Oscar do astro Tom Cruise foi por um filme do cineasta. Foi por “Magnólia” em 2000. Paul Thomas Anderson é um diretor enamorado de seus atores. Deu a Adam Salnder aquele que ainda persiste como seu melhor momento como ator em “Embriagado de Amor” (2002) e costuma repetir parcerias com seus atores. Foi assim com Philip Seymour Hoffman (“Boogie Nights”, “Embriagado de Amor”, “Magnólia” e “O Mestre”), Joaquin Phoenix (“O Mestre” e “Vício Inerente”) e Daniel Day Lewis (“Sangue Negro” e “Trama Fantasma”).

Alguns de seus filmes pensam a América por uma ótica totalmente inusitada e subversiva. Em “Boogie Nights” ele se vira para a indústria pornográfica, enquanto que em “O Mestre” para a ascensão da Cientologia e o peso da religião na vida em sociedade. “Sangue Negro”, por seu turno, é uma parábola inquietante sobre poder e fala do jogo nocivo pela exploração de petróleo. No lisérgico “Vício Inerente”, ele vai fundo na cultura hippie de uma América cínica e chapada.

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Paul Thomas Anderson, Daniel Day Lewis e a atriz Vicky Krieps durante uma sessão de perguntas e respostas sobre “Trama Fantasma” em Nova York

Foto: Divulgação

O método de direção é fluente e fluído. No entanto, os personagens e o humor, totalmente côncavo e inesperado, são sempre peças-chaves de seus filmes. Paul Thomas Anderson é um autor formal. Escreve, dirige e produz seus filmes, todos elaborações criativas e cheias de reminiscências sobre a vida e o cinema. Ele não é o favorito e já se acostumou com a carapuça, mas seu cinema será muito mais longevo em tempos memoriais do que o de muitos de seus contemporâneos, que gozam de favoritismo ocasional.

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